Se você tem sentido que sua ansiedade está fora de controle, talvez esteja faltando algo importante na sua rotina: a vitamina D.
Estudos recentes revelam uma ligação surpreendente entre ansiedade e vitamina D e o aumento dos sintomas da ansiedade.
O mais importante: corrigir essa deficiência pode ser mais simples do que você imagina.
Neste artigo, eu abordo a vitamina D e sua relação com a ansiedade sob os seguintes aspectos:
- Ação na ansiedade
- Neurotransmissores
- Fontes
- Suplementação
- Medicamentos
- Avaliação no sangue
Introdução
A ansiedade é uma resposta emocional natural a situações estressantes ou desafiadoras, caracterizada por sentimentos de apreensão, preocupação e tensão.
Ela desempenha um papel adaptativo, ajudando as pessoas a se prepararem para enfrentar perigos ou desafios.
No entanto, a ansiedade e vitamina D tem uma relação importante para que todo o tratamento da ansiedade tenha resultados promissores.
Antes de nos aprofundarmos no tema, vamos distinguir entre a ansiedade saudável e os transtornos de ansiedade.
Tipos de Ansiedade
- Ansiedade saudável é uma reação natural do corpo, que surge como resposta a situações desafiadoras ou novas. Ela tem um papel importante, pois pode funcionar como um mecanismo de motivação, nos preparando para enfrentar desafios e realizar tarefas. Por exemplo, é comum nos sentirmos ansiosas antes de um grande evento, como um casamento, um novo emprego ou até mesmo uma viagem dos sonhos. Porém, a ansiedade saudável geralmente é temporária e controlável, não interferindo de forma significativa em nossa rotina (American Psychiatric Association, 2013)1.
- Transtornos de Ansiedade é uma condição severa que afeta a saúde mental e emocional de maneira constante, caracterizado por um medo excessivo, que pode ser irracional e desproporcional à situação. Os sintomas de um transtorno de ansiedade incluem preocupação constante, ataques de pânico, falta de ar, sudorese excessiva e uma sensação de desconforto físico. Quando não tratada pode pode afetar a sua capacidade de trabalhar, socializar e manter relacionamentos saudáveis (Mayo Clinic, 2024)2.
- Ansiedade aumentada é quando a ansiedade saudável se intensifica tornando-se desproporcional em relação ao que está acontecendo no momento. Em vez de agir como um impulso motivacional, ela pode se tornar um obstáculo, causando dificuldades na tomada de decisões, bloqueios emocionais e até mesmo impactos negativos na saúde física e mental. A ansiedade aumentada pode ser desencadeada por estresse crônico ou eventos inesperados, e, se não for tratada, pode evoluir para o transtorno de ansiedade (National Institute of Mental Health, 2024)3.
Ansiedade e Vitamina D
A vitamina D desempenha inúmeras funções no corpo, como a regulação do cálcio e fósforo, o fortalecimento dos ossos, a função imunológica, a saúde muscular, a regulação do humor, o apoio à saúde cardiovascular e a prevenção de doenças crônicas.
Ela é essencial para o funcionamento do sistema nervoso central, influenciando a produção de neurotransmissores que regulam o humor, podendo assim contribuir para a redução da ansiedade.
Neurotransmissores e Vitamina D
Neurotransmissores como serotonina e dopamina são pilares para a regulação do humor e das emoções.
A vitamina D participa da síntese de serotonina, conhecida como o “hormônio da felicidade”.
Uma dieta equilibrada e rica em triptofano (saiba como conseguir a quantidade de proteína no artigo proteína na menopausa) um aminoácido importante para diminuir os sintomas de ansiedade.
Estudos mostram que a deficiência de vitamina D pode impactar negativamente o sistema nervoso e reduzir os níveis de neurotransmissores, aumentando o risco de ansiedade.
Algumas ações da vitamina D na produção dos neurotransmissores:
- Receptores de Vitamina D presentes no cérebro participam da produção de neurotransmissores.
- Síntese de Serotonina precisa de vitamina D para converter triptofano em serotonina.
- Regulação da Inflamação da inflamação no sistema nervoso central
- Saúde Neurológica entre células nervosas precisa da vitamina D essencial para o equilíbrio emocional.
Fontes de Vitamina D
Exposição Solar
A exposição solar é uma das principais contribuintes para a conversão da vitamina D no corpo. Quando a pele é exposta à luz solar, especialmente aos raios UVB, o corpo produz vitamina D de forma natural.
Estima-se que cerca de 80% a 90% da vitamina D necessária pode ser obtida dessa maneira, dependendo de fatores como a quantidade de pele exposta ao sol, a latitude, a estação do ano, o horário do dia e a cor da pele.
- Período de Exposição: Geralmente, 10 a 30 minutos de exposição ao sol entre 10h e 15h é suficiente para a conversão de vitamina D ativa na pele
Suplementação
A suplementação de vitamina D é uma alternativa eficaz, especialmente para quem não se expõe ao sol regularmente. A forma D3 (colecalciferol) é a mais eficaz para aumentar os níveis no sangue.
- Como Tomar: a suplementação pode ser diária, semanal ou quinzenal, com doses que variam de 1.000 a 4.000 UI/dia, dependendo da avaliação medica e de acordo com o estado de saúde.
- Diretrizes: as organizações como a Endocrine Society e a OMS recomendam doses de 600UI/dia a 2.000 UI/dia para adultos, no entanto estas dosagens devem ser prescritas de acordo com o diagnóstico médico.
- Veículo é a forma como a suplementação é apresentada: cápsula, forma sublingual ou cápsula de gel.
Alimentos
Embora menos eficiente que a exposição solar ou suplementação, uma alimentação rica em alimentos como: peixes gordurosos, fígado, gema do ovo, laticínios e cereais fortificados pode ajudar a fornecer vitamina D.
Ao comparar a vitamina D proveniente do alimento com a do suplemento, este último pode ser absorvido mais rapidamente em casos de deficiência.
Leia o artigo na UOL.com “Alimentação correta ajuda no combate à ansiedade” , no qual eu participei junto a outros sobre como os alimentos ajudam a melhorar os sintomas da ansiedade.
Nutrientes e Vitamina D
Vários nutrientes podem afetar a absorção da vitamina D, por exemplo:
- Magnésio participa da conversão da vitamina D em sua forma ativa.
- Cálcio precisa da vitamina D ajuda na absorção
- Zinco está envolvido na metabolização da vitamina D.
- Gordura saudável pode potencializar a absorção da vitamina D.
Medicamentos e Vitamina D
Alguns medicamentos podem interferir nos níveis de vitamina D:
- Anticonvulsivante como fenitoína pode aumentar a metabolização da vitamina D.
- Corticosteroide em uso prolongado pode reduzir a absorção de cálcio e afetar a conversão da vitamina D.
- Antibióticos como a rifampicina pode afetar o metabolismo da vitamina D.
- Medicamentos para redução de ácido como inibidores da bomba de prótons e antiácidos podem impactar a absorção da vitamina D.
Vitamina D no Sangue
A avaliação da vitamina D é feita pela dosagem de 25-hidroxivitamina D 25(OH)D no sangue.
A seguir os valores de corte da vitamina D de acordo com as diretrizes4:
- Deficiência: menos de 20 ng/mL
- Insuficiência: entre 20 ng/mL e 29 ng/mL
- Suficiência: entre 30 ng/mL e 100 ng/mL
- Possível toxicidade: Acima de 100 ng/mL
Preparo antes da Coleta de Sangue
- Suplementação – se você já está suplementando vitamina D, recomenda-se interromper 1 a 2 semanas antes da coleta.
- Alimentação – é importante evitar alimentos ricos em vitamina D nas 24 horas antes da coleta.
- Hora da Coleta: deve ser em um horário consistente é importante para comparações entre as dosagens.
Conclusão
A manutenção do níveis adequados de vitamina D, seja por meio da exposição solar, alimentação ou suplementação contribui para reduzir a ansiedade.
Referências
- American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5). 5ª ed. Arlington, VA: American Psychiatric Association; 2013.
- Mayo Clinic. Anxiety disorders. https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/anxiety-disorders/ Acesso em: 10 de dezembro de 2024.
- National Institute of Mental Health (NIMH). Anxiety Disorders. https://www.nimh.nih.gov/health/topics/anxiety-disorders Acesso em: 10 de dezembro de 2024.
- Institute of Medicine (US) Committee to Review Dietary Reference Intakes for Vitamin D and Calcium; Ross, A. C., Taylor, C. L., Yaktine, A. L., & Del Valle, H. B. (Eds.). (2011). Dietary reference intakes for calcium and vitamin D. National Academies Press. https://doi.org/10.17226/13050